terça-feira, 10 de março de 2009

Pensem nas meninas, mudas, telepáticas

Pouca vezes senti tanta tristeza como no domingo, Dia Internacional da Mulher. Difícil pensar que um homem religioso, que diz seguir o exemplo de Jesus e amar o próximo, possa ter feito a barbaridade que fez o arcebispo de Recife, José Cardoso Sobrinho. Excomunhar a mãe e os médicos que salvaram a vida de uma menina de nove anos, estuprada pelo padrasto e condenada à morte ou à mutilação física pela dupla gravidez de três meses que carregava no ventre é, para dizer o mínimo, um ato desumano.

Esta menina vítima de uma violência brutal. O violador, segundo arcebispo, pode se arrepender e viver no seio da Igreja. Os que minoraram a dor da menina, porém, estão condenados. Esta menina, senhor arcebispo, é uma criança que foi vítima de uma maldade imensurável, de uma agressão sem tamanho. Já chega o que lhe fizeram. O senhor quer que ela cresça, que se torne uma adulta carregando, além deste fantasma, também a sombra de ver a mãe transformada em maldita pela Igreja?

Religiosos ou não, todos os brasileiros, de todas as confissões, estamos chocados com os dois episódios. Que essa dupla tragédia, a da violência e a da intolerância, sirva ao menos para reabrir um debate lúcido sobre os limites e condições do aborto legal no Brasil.

As mulheres brasileiras - e também nós, os homens que as respeitamos como mães, companheiras e amigas - têm o direito a não viverem mais situações vergonhosas como esta.

A estátua de Ruy barbosa deve estar corada de vergonha


Postei aí ao lado, na seção Atuação Parlamentar , o discurso que fiz, na Câmara, contra esta absurda decisão do TSE de entregar o governo do Maranhão, de novo, ao clã Sarney. Realmente, é incrível que seja a Justiça -logo ela, a Justiça - quem anule a vontade do povo, nas eleições, e entregue a Roseana Sarney o mandato que o eleitorado lhe negou.

Seria engraçado, se não fosse trágico, que o argumento seja o de que convênios do Governo estadual com pequenos municípios tivessem influído no resultado. Foi ali que Roseana ganhou, e Jackson Lago tirou a diferença nas grandes cidades, São Luiz e Imperatriz. No primeiro turno, Roseana venceu Jackson Lago em 101 dos 156 municípios beneficiados com convênios. A "sinhá" Sarney - aquela da pilha de dinheiro do caso Lunus - teve, no segundo turno, só 13 mil votos a mais que no primeiro. Natural, todos os candidatos derrotados deram apoio ao candidato do PDT.

Deve ser a cada dia mais difícil para o busto de Ruy Barbosa não ficar vermelho ali, na parede do plenário do Senado, bem em cima da cadeira do, sem trocadilho, imortal Sarney.

Sim, porque o que está acontecendo é de fazer corar até uma estátua de bronze.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A "Ditabranda" da Folha

Nada como os fatos para revelar o pensamento antidemocrático das nossas elites. Para atacar Hugo Chavez, que venceu - mais um - referendo democrático na Venezuela, a Folha de S. Paulo acabou cometendo um ato falho. Disse que ele era de fato um ditador, muito pior do que fora a ditadura brasileira. Quer dizer, aquele regime que matou, predeu, torturou e exilou milhares de brasileiros, era mais democrático que um presidente que convocou 14 (!) eleições gerais em 10 anos.
O "intelectual" a serviço da Folha foi buscar o termo "ditabranda" para definir o regime brasileiro. Aí está o "politicamente correto" das elites brasileiras. Quando o objetivo é atacar um líder popular - e atacar porque venceu eleições livres - chegam ao cúmulo de "abençoar" os ditadores que fizeram aquelas barbaridade e nos deixaram mais de 20 anos sem eleições diretas. Domigo, no ombudsman, a Folha, sem voltar atrás, fez um "meia" culpa, admitindo que exagerou. Dizem que a direção do jornal foi pressionada pelos cancelamentos de assinturas de leitores revoltados. Está na rede um abaixo assinado eletronico de repúdio à atitude da Folha:
http://www.ipetitions.com/petition/solidariedadeabenevidesecomparat/index.html

15 anos de um tijolaço na Globo


Dia 15 de março de 1994, acontecia um dos momentos inesquecíveis da TV. Por decisão judicial, Leonel Brizola teve um texto lido em pleno Jornal Nacional, respondendo às ofensas que a Globo fizera contra ele dois anos antes, quando ele queria que a emissora pagasse pelos direitos de transmissão do Carnaval. Uma longa luta judicial, orientada pelo Dr. Nilo Batista, acabou gerando este momento espetacular, que ainda hoje, no Youtube, tem vários posts. Somados todos eles são mais de 500 mil acessos. Como dizem eles, vale a pena ver de novo...